Tradução: Foxita.
Revisão colaborativa: Sr. Raposo.
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Capítulo
03 - A Queda do Patriarcado
Depois de ingressar
na cela da prisão, A-Ka continuou atordoado por um tempo. Ele não conseguia
entender por qual motivo havia se exposto naquelas circunstâncias e confessado
que era a pessoa por quem Heishi procurava.
Ele abraçou
os próprios joelhos e sentou-se em um canto, pensando incessantemente: o que
vai ser de mim?
Humanos eram
animais racionais. Pelo seu próprio bem, ele há muito tempo tinha decorado
vários artigos da lei. Enquanto A-Ka pensava e repensava no assunto, ele sentiu
que o problema atual não necessariamente culminaria em sua execução, afinal a
lei não dizia como alguém que trazia consigo um humano deveria ser punido.
O único crime
que poderiam lhe imputar seria o de cruzar a fronteira entre os mundos. No
entanto, A-Ka sempre foi bastante cuidadoso para não deixar quaisquer vestígios
pelas câmeras de vigilância. Contanto que os robôs encarregados de cumprir a
lei não pudessem atestar com certeza que ele secretamente havia saído do
Formigueiro, ele seria absolvido.
A questão
envolvendo Heishi era ainda mais fácil de ser resolvida. Como ele não tinha
identidade e não era um fugitivo de outras seções, era bastante provável que
ele e A-Ka fossem inocentados. Para tanto, era crucial que Heishi não revelasse
a verdade aos robôs, ou seja, que A-Ka já havia saído escondido anteriormente.
No entanto, tão
logo A-Ka fosse processado pelo clone, ele acabaria preso e seria imediatamente
executado pelo crime de furto.
A-Ka estava muito
satisfeito por inconscientemente ter tomado a decisão correta. À primeira
vista, parecia que sua decisão tinha sido responsável por salvar Heishi, mas na
realidade ela acabou salvando sua própria vida.
Com isso em
mente, A-Ka deu uma olhada em Heishi, que estava sentado de frente para ele,
imaginando uma maneira de lhe dizer o que estava pensando sem que fosse notado
pelas câmeras de vigilância. Assim que levantou a cabeça, notou que Heishi
também o encarava. Eles estavam separados por duas celas, cujas barras eram
feitas de feixes de laser horizontais e verticais que se cruzavam.
“Heishi,”
falou A-Ka.
Heishi olhou
para ele.
A-Ka: “O que
exatamente você veio fazer aqui?”
Heishi
respondeu, “Não é da sua conta.”
A-Ka: “Seu...”
A-Ka não
tinha como lidar com Heishi, que apenas olhava ao redor, com os olhos cheios de
suspeitas. Quando ele estava prestes a estender a mão e tocar nas barras de
laser, A-Ka imediatamente falou apreensivo, “Não encoste nisso, não toque em
nada!”
Heishi falou
friamente, “Cala a boca!”
A-Ka
simplesmente respondeu, “Então vá em frente, toque nela. Não me culpe se você
morrer.”
Heishi ficou
em silêncio por um bom tempo e finalmente decidiu não testar e se colocar em
perigo.
“Não diga
nada.” No fim, foi tudo que A-Ka pôde dizer.
Heishi permaneceu
ali parado em silêncio observando A-Ka. Em pensamento, A-Ka refletia
repetidamente: como explicar isso para Heishi? Aquele homem já adulto que ele
tinha resgatado e trazido consigo parecia ser uma espécie de lunático.
Ele não sabia
de nada. Quando fosse interrogado, ele provavelmente não mentiria. O mais
perigoso era que Heishi não tinha qualquer noção da atual situação, da Cidade
das Máquinas, ou do status dos humanos na sociedade e sua relação com os
robôs. A-Ka sentia apenas que a situação era bastante espinhosa.
Quando A-Ka
levantou a cabeça, percebeu que Heishi o observava.
"Escuta,
Heishi,” falou A-Ka. Ele percebeu que talvez houvesse a necessidade de
demonstrar a realidade de como tudo ao redor deles era perigoso. Assim, ele tirou
de dentro do bolso uma pequena chave de fenda e a jogou em direção às barras de
laser. Com um zumbido, a chave de fenda de plástico foi cortada em dois
pedaços, que foram ao chão.
Heishi
encarou a chave de fenda.
“Não diga
nada,” falou A-Ka. “Não importa o que te perguntarem, não diga nada, ou vai
acabar morto. Primeiro, me diga a verdade, por que veio aqui?”
Heishi
respondeu, “Nenhum motivo especial. Eu preciso encontrar uma saída, você pode
ficar aqui e continuar esperando.”
A-Ka cuspiu
entredentes, “Eu te salvei duas vezes, Heishi! É assim que você trata a pessoa
que salvou sua vida?”
Do lado de
fora, veio um barulho e os dois se sentaram alertas nas próprias celas. A-Ka
não conseguia parar de medir Heishi, seu pensamento vagando entre ele e a
revolução dos clones. Ele fechou os olhos e de repente ouviu um estrondo
abafado vindo de longe; as paredes tremeram levemente.
Logo em
seguida, toda a área da prisão foi tomada pela escuridão e as barras de laser
se apagaram.
De longe, veio
o som de tiros.
A-Ka
imediatamente se pôs de pé ― a fonte de energia fora cortada! O que estava
acontecendo? De acordo com a informação do chip, a revolução dos clones não
deveria começar apenas no dia vinte e sete?
Os lasers tremeluziram
e iluminaram suas faces. As circunstâncias eram estranhas. Após mais alguns
segundos, todas as luzes sumiram.
A-Ka correu
para fora da cela, tropeçou e caiu nos braços de alguém. Ele foi segurado firmemente
por um braço forte e seu coração pulou de susto.
A-Ka falou,
“Me solta!”
A pessoa
resmungou friamente; era a voz de Heishi, que o empurrou de lado. A-Ka pensou
consigo mesmo, Realmente, já chega… Assim que as celas se abriram, todos
tentavam escapar. Naquele breu, era impossível saber por onde ir, então A-Ka
podia apenas tentar se lembrar do caminho que tomaram para chegar até ali e
gritou, “Por aqui, Heishi! Venha comigo!”
Ele se virou
e correu em direção à saída da esquerda, mas quando estava quase chegando,
ouviu o som de lagartas mecânicas[1], como se vários robôs
sentinelas estivessem se aproximando. Ele inconscientemente virou o corpo e
correu de volta em direção aos fundos da cela.
A-Ka: “É
perigoso! Volte!”
Ele correu em
direção ao final do corredor, passando por fileiras e mais fileiras de celas.
Assim que os lasers sumiram, todos os humanos ficaram de prontidão e a prisão
se encheu de gritos caóticos e de um grande empurra-empurra. A-Ka foi empurrado e jogado para longe,
cambaleando até se apoiar em alguém.
“Heishi!
Heishi!” A-Ka gritou ansioso, mas ninguém respondeu. Ele provavelmente tinha
fugido sozinho e se perdido. No entanto, A-Ka não podia gastar mais nenhum
minuto procurando por ele em meio à escuridão. Uma confusão de vozes soou.
“Estamos
livres!”
“Saiam,
rápido!”
“Tem algo de
errado com o sistema de energia!”
“Cuidado! Se
abaixem!”
Naquele
instante, A-Ka sentiu um corpo forte derrubá-lo no chão. Eles rolaram pelo chão
enquanto lasers vinham de todas as direções. Os guardas-robôs abriram a
principal porta que levava ao corredor e feixes de luz zuniram enquanto gritos
de dor e sangue recém-derramado encheram o ar. O coração de A-Ka pareceu parar
naquele instante. Ele sentiu um líquido viscoso em sua mão, sua mente estava
confusa.
“Aqui,” a voz
de Heishi era fria e calma como sempre. Tão fria e calma que parecia irreal.
A-Ka sentiu apenas seu corpo ser levantado quando eles saltaram. Ele foi puxado
por Heishi para algum lugar, seguido por uma sequência de quedas. A entrada
principal se fechou de repente. Eles tinham adentrado o túnel exterior do
complexo penitenciário.
A-Ka não
conseguia ver nada, mas tateou até esbarrar em uma tampa de bueiro derrubada,
na qual ele bateu algumas vezes perguntando, “Heishi, você ainda está aí?”
Não houve
resposta; os arredores estavam em completo silêncio. Logo em seguida, houve um
estrondo ensurdecedor e a tampa de bueiro à frente dele explodiu em pedaços.
A-Ka levou um grande susto. Sua mão roçou em uma lanterna de tom azul e ele a
acendeu, vendo que a mão de Heishi estava coberta de sangue. Se não fosse pelo
sangue, ele teria se perguntado se Heishi era um robô.
“Você é tão
forte,” falou A-Ka com o coração ainda tomado por um pouco de medo. “Não tá
doendo?”
Ele examinou
a mão de Heishi. Havia um corte aberto nas costas da mão.
Heishi não
respondeu e, ao invés disso, falou, “Vou indo, você se cuida.”
Heishi se
virou e partiu; a raiva de A-Ka se foi completamente. Ele pôde apenas segurar
aquela luz fria enquanto seguia em frente.
Em um piscar
de olhos, Heishi já tinha desaparecido sabe-se lá para onde. A-Ka usou a luz
para iluminar o caminho à sua frente e ansiosa, mas cautelosamente, começou a
procurar por túneis pelos quais pudesse seguir viagem. Ele estava com um medo
terrível de se deparar com robôs, mas depois de circular por um tempo,
descobriu que tinha apenas uma pessoa à sua frente e uma vez mais ele deu de
cara com Heishi.
“Vamos juntos,”
falou A-Ka. “Você não conhece essas passagens.”
Heishi não
respondeu, tampouco passou a acompanhar A-Ka e, em vez disso, continuou a
caminhar em direção ao fundo do túnel. Ele parou onde estava, à frente de A-Ka,
e se virou para observá-lo. Ele virou a cabeça novamente; uma mão aparentava
segurar algo que não existia, como se segurasse sua própria luz azul. A-Ka
vagamente pareceu perceber algo: Heishi estava aprendendo.
Ele supôs que
Heishi o imitava em uma tentativa de compreender seus próprios movimentos. Em
outras palavras, fora o fato de saber falar, havia uma parte das memórias de
Heishi sobre movimentos e pensamentos que estava completamente vazia, como se
fosse uma criança pequena. No entanto, neste exato momento ele não podia se dar
ao luxo de perguntar a Heishi sobre isso; era mais importante proteger a
própria vida.
Ao alcançar
Heishi, ele pensava em uma maneira de lhe explicar a situação.
A-Ka: “Esse
lugar é chamado de Formigueiro, é aqui que os humanos vivem. Você é um membro
da espécie humana.”
Heishi ainda
carregava uma expressão de indiferença.
A-Ka: “Agora,
nós precisamos pensar em um jeito de fugir daqui.”
Heishi não
teve qualquer reação e A-Ka prosseguiu, “A luz pode nos ajudar a ver o caminho
claramente. Esse tipo de luz geralmente é de uso exclusivo dos clones, que não
são a mesma coisa que robôs. Robôs têm sensores infravermelhos e conseguem ver
pessoas mesmo na escuridão. Então...”
“Você é muito
barulhento,” falou Heishi.
A-Ka: “...”
A-Ka finalmente
explodiu e rugiu com raiva, “Que azar ter te conhecido!”
Heishi se
virou, olhando ameaçadoramente para A-Ka. Naquele momento, A-Ka recuou e não se
atreveu a gritar com ele novamente.
Heishi falou com
frieza, “O que você disse?”
A-Ka não ousou
dizer mais nada e felizmente Heishi não se aproximou para bater nele. Ele apenas
se virou e continuou a seguir em frente.
“Lá fora, tem
mais pessoas lutando na rebelião." A-Ka seguiu atrás de Heishi depois de
concluir que agora não era momento para discussões. Ele continuou, "Então
nós podemos aproveitar o caos para fugir.”
Heishi assentiu
superficialmente com um "hum" e depois inclinou a cabeça como se
estivesse distinguindo sons na escuridão. A-Ka sabia que o outro o havia
compreendido totalmente, então seguiu em frente.
A luz fria
iluminou o túnel, revelando as seções do caminho à frente: um grande corredor,
um túnel, um grande corredor, um túnel; a maior parte de suas portas de aço que
funcionavam como divisórias estavam abertas. De vez em quando, haveria uma
porta de aço entreaberta, provavelmente travada naquela posição por causa da
falha no sistema de energia. Por várias vezes, A-Ka iluminou as paredes,
tentando encontrar um mapa dos túneis, mas ele aos poucos entendeu que era uma
tentativa vã.
Somente a
região do Formigueiro possuía um mapa. Quando robôs e clones saíam de lá, tinham
sistema de navegação e, portanto, não precisavam de mapas. Como estavam
vendados quando foram levados até lá, A-Ka também não sabia onde estava e podia
apenas seguir às cegas atrás de Heishi conforme avançavam.
Depois que
Heishi apareceu, A-Ka de repente sentiu que sua própria sorte tinha se tornado
muito boa, como se o outro tivesse lhe trazido mudanças e uma deusa da sorte.
Se não fosse por Heishi, havia uma grande probabilidade de que A-Ka tivesse
sido levado pelos clones e executado. No
mais, estava completamente fora do controle de A-ka se a perda do chip fora ou
não a razão pela qual os androides começaram a luta antes da data prevista.
Depois de
andar sem saber por quanto tempo, o corpo de A-Ka gradualmente ficou incapaz de
sustentá-lo e ele disse: "Espere por mim, preciso descansar um pouco.”
Heishi olhou
impaciente para A-Ka e finalmente disse, “Vou indo.”
A-Ka falou, “Pra
onde você vai?”
Heishi
respondeu, “Não é da sua conta.”
A-Ka não
fazia ideia do que fazer com Heishi. Ele parecia guardar rancor pelas palavras
trocadas quando acordou depois de ter sido resgatado. Aquela primeira conversa realmente
foi infeliz, mas ela apenas aconteceu por causa da hostilidade demonstrada por
Heishi quando o conheceu.
A-Ka disse,
“Espere por mim, você não consegue sobreviver sozinho.”
Os passos de
Heishi lentamente despareceram conforme ele deixou A-Ka para trás e foi embora.
A-Ka virou a
cabeça de lado e encostou a orelha contra a parede do túnel, mas não ouviu
nada. À frente deles, havia um longo túnel usado para transportar suprimentos
para necessidades básicas. Havia vários túneis assim por todo o Formigueiro.
Eles se cruzavam, indo e voltando sob a terra, transportando mercadorias que os
humanos precisavam. Encontrar os túneis era basicamente o mesmo que ganhar
acesso à rede de caminhos.
A-Ka
descansou um pouco e uma vez mais, lentamente, começou a seguir os trilhos. Ele
não esperava se encontrar novamente com Heishi.
Não havia
saída à frente. Naquele momento, Heishi inclinava a cabeça para analisar algo
que parecia ser um quadro elétrico.
A-Ka falou,
"Puxe o portão externo. Ele é ativado por magnetismo e não é afetado pela
falta de energia elétrica.”
Heishi puxou
o portão e houve um estrondoso barulho de aço raspando quando uma porta
embutida no chão se abriu.
“Muito bem,"
falou A-Ka. “Se você tivesse ido sozinho, não teria conseguido achar a saída.”
Heishi não
respondeu e A-Ka desceu pelos trilhos. A ferrovia era tão longa que não se
enxergava seu fim. Ele caminhou na frente e Heishi seguiu atrás. De longe, veio
o som fraco de uma explosão.
A-Ka não
sabia se o plano dos clones tinha sido colocado em prática e ficou um pouco
apreensivo. Se ele não conseguisse fugir a tempo e os clones falhassem, o que
ele faria então? Ele continuou a caminhar e de repente Heishi o puxou,
fazendo-o parar ― os dois quase tinham trombado de cara com um carrinho de mina.
O caminho
estava bloqueado.
“E agora?” Perguntou
A-Ka.
Heishi se
adiantou e empurrou o carrinho com as duas mãos.
Aquele
carrinho pesava pelo menos uma tonelada e Heishi arqueou o corpo, usando toda
sua força para continuar a empurrá-lo. A-Ka fez menção de pará-lo, mas quando
viu que o carrinho tinha começado a se mover lentamente, ele também arqueou o
corpo e se juntou a Heishi, empurrando aquele objeto que mais parecia uma
parede de aço, ofegando pesadamente ao se moverem adiante pelos trilhos.
Depois de um
tempo, eles finalmente alcançaram uma curva no túnel. Os trilhos, que se
estendiam como finas teias de aranha, se reuniam em um grande corredor com buracos
em todas as paredes. Heishi escutou atentamente por um tempo e escolheu um
caminho.
A-Ka ficou
parado na entrada de uma das cavernas, ouvindo gemidos que vinham de dentro.
Aquela seria a saída?
As imediações
começaram lentamente a esfriar. O sistema de ar condicionado, que antes
funcionava, foi temporariamente interrompido devido à falta de energia.
“O que
foi?" Heishi perguntou.
“Está frio,”
respondeu A-Ka.
Heishi
obviamente não entendia o significado de “frio”, então se afastou
insensivelmente.
A-Ka
sentia-se extremamente deprimido e não pôde evitar desabafar em seu coração, então
por que perguntou?... Ele tremia um pouco e sua atenção se voltou para as
roupas que tinha dado para Heishi, que as usou desde então. A-Ka pensou que,
por mais que corpo de Heishi fosse forte, era melhor encontrar outras roupas
para ele usar... do contrário, seria ainda mais problemático se ele ficasse
doente. Enquanto caminhavam pelos trilhos daquele túnel tão escuro em que não
se via um palmo à frente do nariz, ele tropeçou em algo.
Os corpos de
vários clones jaziam nos trilhos. De longe, veio o som de alguém gemendo, “Me
ajude... me ajude...”
A-Ka respirou
fundo e seu coração começou a bater violentamente.
“De que
pelotão você é...” o clone sobrevivente virou a cabeça e viu A-Ka e Heishi.
Sua cabeça
tinha sido destruída; um olho projetava-se para fora da órbita e seu abdômen foi
atravessado por uma bala. Ao ver que A-Ka era humano, ele disse, “Humanos.”
A mão dele se
ergueu tremendo, como se quisesse agarrar A-Ka, mas Heishi o puxou para trás,
afastando-o um pouco.
“O que
aconteceu?” A-Ka estava desesperado para saber se eles tinham ganhado ou
perdido a batalha.
“Humano,” o
clone falou fracamente. “Você pode ir.” Os olhos dele se fecharam.
A-Ka levantou
a luz fria e iluminou os arredores. Parecia que aquele lugar tinha sido palco
de uma árdua batalha. Em frente, estavam vários guardas-robôs destruídos, cujos
circuitos falhavam e faiscavam.
A-Ka tirou as
roupas do corpo do clone e as deu para Heishi, que desamarrou as próprias
roupas e apanhou o colete. Quando o colocou, ele olhou para o clone, e A-Ka soube
que ele queria perguntar algo. Como esperado, Heishi abriu a boca no momento
seguinte.
“Por que
todas essas pessoas têm a mesma aparência?” Heishi estava muito desconfiado e
confuso com aquela cena.
“Eles são
clones,” falou A-Ka. “Eles foram criados pelo regime das máquinas para
servi-las e serem seus mensageiros.”
“E você?”
perguntou Heishi novamente.
A-Ka
respondeu, “Sou humano. Na Cidade das Máquinas, nossa classe é inferior até
mesmo aos clones.”
“Classe?”
Heishi ouviu uma palavra com a qual não estava familiarizado.
A-Ka e Heishi
se vestiram apropriadamente e, conforme caminhavam, ele explicava
distraidamente o conceito de classes, a Cidade das Máquinas, bem como a
organização da sociedade humana. Ele acrescentou como os clones cumpriam as
ordens dos robôs e os ajudavam a controlar os humanos. Os clones também eram
responsáveis por completar algumas tarefas que as formas de vida de aço eram
incapazes de realizar sozinhas.
Os clones
eram controlados por uma operação unificada. Não temiam doenças ou a morte. Caso
seus órgãos fossem danificados, eles naturalmente conseguiriam trocá-los. O
tipo sanguíneo dos clones era o mesmo e seus órgãos podiam ser substituídos à
vontade. Assim, a subsistência dos clones era muito mais simples que a dos
humanos. Eles eram exatamente como robôs vivos.
“Como eles
surgiram?” Heishi fez sua segunda pergunta.
A-Ka
respondeu, “Eles foram feitos pelos humanos.”
“Durante a
Idade de Ouro, os humanos conquistaram o céu e a terra. Não havia nada que não
pudessem fazer,” A-Ka explicou para Heishi. “O exército de robôs comandados por
‘Pai’ e os clones são criações humanas. Criações feitas especialmente para
servir aos humanos. Mas os clones traíram a humanidade, e depois 'Pai' também
traiu. E quando os robôs assumiram o controle sobre a linha de produção de
clones, eles finalmente os colocaram sob controle das máquinas.”
“E os humanos?”
perguntou Heishi mais uma vez. “Humanos como eu.”
“Alguns
ficaram aqui e se tornaram escravos,” falou A-Ka. “Eu sou um deles. Quanto ao
resto, alguns fugiram, e ouvi dizer que criaram um novo país do outro lado do
Grande Oceano.”
Heishi
assentiu e o coração de A-Ka deu um pulo ao pensar em quando Heishi foi levado
até a costa. Será que ele teria vindo do continente longínquo? Quanto ao País
Ideal, do outro lado do Grande Oceano, os humanos tinham ouvido todos os tipos
de rumor a seu respeito. Alguns diziam que o País Ideal era um reino de magia,
onde poderiam chamar os ventos e invocar as chuvas, controlar as forças da
natureza e usar as habilidades mentais para mudar o mundo. Outros diziam que
todos os fugitivos tinham morrido e o chamado País Ideal era apenas uma nebulosa
e fantasiosa lenda.
Havia aqueles
que acreditavam que os exércitos do País Ideal um dia chegariam na Cidade das
Máquinas, destruiriam Pai ― esse grande demônio que eles próprios
criaram anos atrás ―, e libertariam todos os humanos.
Mas em vez
disso, foram os clones da Cidade das Máquinas que lideraram o início da
revolução.
Quando Heishi
finalmente terminou de ouvir a explicação de A-Ka, seu semblante ficou ainda
mais frio. A-Ka de repente pensou em algo e supôs, “Você veio do País Ideal?”
Em sua
jornada, por diversas vezes, A-Ka pensou sobre as origens de Heishi. Talvez ele
fosse um sobrevivente sortudo de um navio naufragado; ou talvez, três mil anos
atrás, ele veio até o Terceiro Continente para cumprir uma missão. Mas agora
Heishi já havia se esquecido completamente e tudo que A-Ka podia fazer era
esperar que um dia no futuro ele se lembrasse.
Depois que
Heishi e A-Ka se conheceram, além de fazer perguntas, ele passava a maior parte
de seu tempo mergulhado em silêncio, observando o mundo exterior. A-Ka não
queria atrapalhar e apenas lhe jogou um par de botas para que o outro as
calçasse.
O ar ficava
cada vez mais frio e a respiração de A-Ka se transformou em fumaça branca. Os
dois estavam envoltos em grossas camadas de roupas. Conforme passavam pelo
cenário posterior a uma grande batalha, até onde os olhos podiam ver, o chão
estava coberto de cadáveres de clones e dos destroços de robôs. Este lugar
claramente tinha experimentado uma grande e sangrenta batalha.
Quanto mais
avançavam, mais corpos viam, até que avistaram uma densa pilha de cadáveres do
lado de fora de uma porta. A-Ka percebeu que este poderia ser um lugar bem
importante. No entanto, este era apenas um corredor comum, no qual havia uma
porta sem identificação ou placas.
“Por que eles
morreriam aqui?” A-Ka perguntou intrigado. Este corredor tinha cerca de cem
cadáveres e carcaças, como se estivessem protegendo algo importante. Mas, ao
final, havia apenas esta porta.
Ao se virar,
ele notou que não havia caminho de volta, então lhes restava apenas seguir em
frente teimosamente. A-Ka de repente pensou, será que ali dentro poderia
estar a Câmara de Controle Central que armazenava o Pai? Ele logo descartou
aquela hipótese, pois esta era apenas uma área onde se cruzavam vários trilhos
do sistema de transporte de mercadorias. Não havia como Pai estar trancado
neste remoto espaço subterrâneo.
Heishi
afastou os cadáveres e as carcaças dos robôs destruídos, revelando a porta por
inteiro. Ele usou o ombro para empurrá-la, mas ela não se mexeu. Após um momento de contemplação, A-Ka disse,
“Me deixa tentar.” Ele abriu o painel de controle ao lado da porta, dentro do
qual havia diversas fechaduras que exigiam senhas extremamente complicadas.
Sem querer,
ele notou que o clone que jazia mais próximo da porta segurava firmemente um
cartão nas mãos. Ele então entendeu que os insurgentes estavam a apenas meio
passo de entrar por aquela porta.
O que
exatamente estava atrás dela? A curiosidade de A-Ka era praticamente
incontrolável. Ele usou o cartão de segurança, que tinha sua própria fonte de
energia externa, e foi recebido por nada além de escuridão. A luz fria iluminou
seu rosto e o de Heishi, que viam câmaras de nutrição vazias por todo o cômodo.
No meio, havia um humano moribundo sentado.
Um homem velho.
“Você
finalmente chegou...” o idoso falou.
A voz
repentina assustou A-Ka.
“Você... quem
é você?” A-Ka rapidamente deu um passo à frente e examinou a condição do velho.
Ele descobriu que havia tubos de várias cores saindo dele e eram esses tubos
que ainda o mantinham vivo.
“Onde está o
General Libre?” O velho ergueu os olhos turvos e olhou na direção de A-Ka.
“Li...
General Libre?” Falou A-Ka. “Eu não sei... tem vários clones mortos lá fora,
você está bem?”
“A revolução
fracassou...” a voz do velho vacilou. “Como chegaram aqui?”
A-Ka contou
brevemente como escaparam e o velho conseguiu ouvir até o fim, antes de dizer
fracamente: "No fim, foi justamente um humano que veio até mim... alguém
da espécie da minha própria mãe...”
“O que... o
que isso quer dizer?” A-Ka perguntou intrigado. Ele tentou levantar o velho e
perguntou, “Consegue se mover?”
“Estou
prestes a morrer...” falou o idoso. “Criança, me ajude... a tirar essas coisas
aqui...”
Heishi ergueu
a luz fria, iluminando o rosto do velho homem. A-Ka observou com cuidado aquela
feição enrugada, sentindo um senso de familiaridade, como se ele fosse alguém
que conhecia. Principalmente aquele par de olhos cor azul índigo. Ele sentiu
como se já os tivesse visto em algum lugar antes.
“Nós nos
conhecemos?” A-Ka sentiu como se estivesse no meio de um grande quebra-cabeça.
Ele continuava com a sensação de que conhecia aquele velho de algum lugar.
O velho não
respondeu, apenas estendeu a mão trêmula para agarrar a de A-Ka, que
rapidamente pôs sua mão na dele. O velho pressionou o dedo de A-Ka contra o
braço da cadeira de rodas. Logo em seguida, um leve clique soou e A-Ka sentiu
algo picar a ponta de seu dedo de maneira tão dolorida que gritou.
A-Ka
cambaleou alguns passos para trás. Heishi avançou em direção ao pescoço do
velho e o agarrou. Ele estava prestes e jogá-lo para longe, mas A-Ka gritou,
“Espere!”
O velho
estava conectado a dezenas de tubos e foi levantado de sua cadeira de rodas
pelo pescoço. Esse movimento apressou sua morte iminente. Seus olhos giraram
para trás quando um leve e complicado sorriso apareceu em seu rosto enquanto
ele se esforçava enormemente para levantar um dedo.
“Não seja tão
duro com ele, coloque-o de volta,” A-Ka se apressou em dizer.
Heishi
colocou o velho de volta na cadeira de rodas e A-Ka abaixou a cabeça para olhar
o próprio dedo anelar, cuja ponta gotejava sangue.
Sua cabeça
girou vertiginosamente ao mesmo tempo em que ouviu sons mecânicos vindos de
longe. Ele pensou consigo mesmo, merda. O velho então disse, “Leve isso...
e entregue para o General Libre...”
Ele entregou
um chip para A-Ka e fechou os olhos.
A-Ka falou ansioso, “Ei! Acorde!”
A cabeça do
velho pendeu para baixo. Ele estava morto.
Os sons
mecânicos se aproximaram. A-Ka apressadamente escondeu o chip, virou a cabeça
para trás e disse, “Vamos.”
Heishi correu
em direção ao túnel assim que disparos de laser vieram de fora. A-Ka se
apressou em gritar, “Cuidado!”
“Volte,
rápido! Tem inimigos lá fora!” respondeu Heishi.
A-Ka deslizou
o cartão de segurança e a porta principal imediatamente se fechou. Do lado de
fora, explosões ressoaram uma depois da outra. Eles estavam presos naquela
sala.
“Encontre uma
saída,” falou A-Ka imediatamente.
A-Ka e Heishi
rapidamente se separaram para procurar. Conforme A-Ka buscava em todos os
cantos por uma saída que os levasse para o túnel, ele não conseguia parar de
pensar nos olhos índigos do velho e em como seu rosto parecia familiar. Ele
continuava sentindo como se já o tivesse visto em algum lugar. E mais, sentia
que o via com frequência... Enquanto pensava, ele de repente viu Heishi parar e
encarar o cadáver do velho cheio de suspeitas.
“O que foi?”
A-Ka endireitou o corpo e perguntou.
Heishi
respondeu, “Eu conheço ele.”
O coração de
A-Ka deu um pulo e ele perguntou, “Qual o nome dele?”
Heishi
balançou a cabeça e não disse nada.
A-Ka queria
saber mais sobre a origem do velho, mas Heishi não teria as respostas; ele
havia se esquecido de tudo.
A-Ka somente
pôde dizer, “Vamos continuar procurando por uma saída.”
Heishi
respondeu, “Não precisa procurar mais. Isso aqui é uma prisão.”
Em um
instante, A-Ka saiu de seu torpor ― a conclusão de Heishi estava correta. A
partir do momento em que deram o primeiro passo para dentro, todos os sinais
indicavam que o velho era um prisioneiro. Em outras palavras, com exceção da
porta de entrada, não havia por onde sair.
O que eles
deveriam fazer?
Logo em seguida,
do lado de fora veio outra série de fortes batidas, que começaram a deformar a
porta. A-Ka queria encontrar um lugar para se esconder, mas a porta já começava
a entortar com o impacto; faíscas voavam pelas frestas. A-Ka inconscientemente
se virou e correu até de Heishi, que agilmente saltou em sua direção. Os dois
se encontraram em pleno ar e se abraçaram com força.
Ao mesmo
tempo, a porta se explodiu com um estrondo e chamas voaram por todos os lados.
Ainda abraçado a A-Ka, Heishi rolou para o lado.
“Rápido!
Levem-no daqui!”
“Pelos céus...
ele já está morto!”
“Humanos?”
“Tem dois
humanos aqui!”
“Não ataquem!”
“O que está
acontecendo?!”
O interior do
cômodo se transformou num caos completo à medida que diversos clones
adentravam. Quando A-Ka se levantou, sua cabeça latejava de dor e Heishi o
protegeu, ficando à sua frente. Uma luz forte varria para frente e para trás.
A-Ka
explicou, “Nós viemos parar aqui enquanto fugíamos.”
“Quando vocês
entraram?” Um clone perguntou ansioso. “No momento em que entraram, o Dr.
Callan ainda estava vivo?”
Heishi estava
prestes a abrir a boca para responder, mas A-Ka apertou a mão dele e respondeu,
“Ele ainda estava vivo e me pediu para entregar uma mensagem para o General
Libre.”
Do lado de
fora, veio o som de mais explosões. Desta vez, os estrondos foram extremamente
claros, como se o mundo inteiro fosse ser derrubado pela força das explosões. A
terra tremeu e as pessoas mal conseguiram se manter em pé. O clone líder do
pelotão falou, “Não temos tempo para mais explicações! Levem-nos daqui!”
Sob a
proteção do pelotão de clones, eles mais uma vez correram em direção ao túnel.
Eles foram cercados pelos quatro lados por guardas-robôs, cujos números
aumentavam a cada minuto. De vez em quando, alguém gritava "Mantenham as
posições! Eles estão contra-atacando!” e frases do tipo. A-Ka não sabia o
porquê, mas sua cabeça girava e ele se sentia enjoado enquanto cambaleava às
pressas; uma onda de tontura o invadindo.
A-Ka
desesperadamente agarrou o ar vazio algumas vezes, antes de conseguir segurar a
mão de Heishi, que o empurrou de lado. Ele não aguentava mais, e caiu de cabeça
no chão.
Heishi voltou
com o cenho franzido, “Por que você é tão frágil?”
A-Ka falou
com raiva, “Me deixe em paz!”
A-Ka não
conseguia parar de ofegar enquanto sua visão embaçava e sentia como se tivesse
uma febre alta. Heishi o levantou em seus braços e continuou a correr com os
clones. Atrás deles, vinham membros da rebelião, que carregavam o corpo do
velho e sua cadeira de rodas.
Eles
atravessaram a passagem desajeitadamente. A-Ka perdia e retomava a consciência.
Depois de um tempo, uma luz cegante apareceu de repente e brilhou sobre ele,
deixando-o ainda mais tonto.
Eles tinham
conseguido sair e a luz do sol brilhava intensamente. A-Ka cobriu os olhos com
a mão. Até aquele momento, ele nunca tinha respirado o ar fresco da superfície
tão vividamente. Ele sentia como se a ardente luz do sol fosse uma bola de fogo
irradiando um calor tão forte, que era capaz de queimar sua alma.
Tudo ao redor
deles ficou branco brilhante, como se tivessem sido envolvidos por uma explosão
de ventos solares de uma estrela.
“Eu vou
morrer...” A-Ka não sabia por que, mas sentia-se extremamente fraco.
“Aguente
firme!” Heishi gritou ansiosamente próximo ao ouvido dele.
Por todo
aquele tempo, Heishi continuou segurando A-Ka pela cintura. Estava bastante
agitado e A-Ka sentiu que Heishi corria. Próximo à sua cabeça veio o som de
clones conversando.
“Ele apenas
desmaiou e está temporariamente fraco...”
“Eu não sei
qual a causa disso...”
“Humanos,
venham conosco! Estamos prestes a começar.”
“Deixe-o se
aquecer no sol, não o mova agora...”
As vozes o
envolveram como ondas batendo contra a costa e, num instante, A-Ka se acalmou. Aquele
foi o momento mais transcendental que experimentou na vida. Os movimentos ao
seu redor pareciam infinitamente distantes, mas ele também os via com extrema
clareza. Era como se houvesse um campo magnético avassalador irradiando de sua
mente e cada movimento dentro do alcance do campo parecia cristalino.
Lentamente, o
campo magnético recuou e seu foco final abrangia apenas o contorno de uma
pessoa ao seu lado ― Heishi.
Os contornos
de Heishi ficaram mais claros. Ele disse algo para A-Ka, cujos cinco sentidos
estavam retornando.
“Você está
bem?” As sobrancelhas de Heishi se franziram em um belo nó.
A-Ka
respondeu, “Eu... eu estou bem.”
Ele recuperou
os sentidos. Seu corpo estava coberto de suor e ele inconscientemente levantou
a mão. Vendo que Heishi o olhava com preocupação, ele agarrou a mão de Heishi e
entrelaçou seus dedos com os dele. Heishi ficou um pouco mais tranquilo. A-Ka relembrou
a fraqueza que sentiu um pouco antes e a relacionou à agulha com a qual o velho
havia lhe picado. O que exatamente tinha sido injetado nele?
“Rápido,
humanos, entrem a bordo! Não fiquem pra trás!” Um clone falou ao se aproximar.
Heishi mais
uma vez, fez menção de levantar A-Ka em seus braços, mas ele falou: “Eu posso
andar sozinho.” A-Ka então se arrastou atrás do clone para dentro de uma
pequena aeronave. No momento em que entraram na plataforma de embarque, A-Ka
ficou sem palavras.
Na plataforma
que ocupava quase mil quilômetros quadrados, milhares de aeronaves de guerra eram
lançadas e voavam em direção ao céu. As camadas de proteção magnéticas ao redor
da plataforma derrubaram aviões que vieram fazer uma emboscada.
O céu estava
recheado de bolas de fogo. Uma aeronave explodiu em meio a um barulho
ensurdecedor e uma luz brilhante, deixando um rastro de fumaça ao mergulhar no
oceano.
Como um
vespeiro cutucado, dezenas de milhares de aeronaves deixaram a terra em direção
ao céu, soltando fileiras e mais fileiras de bombas guiadas a laser, que voaram
diretamente em direção ao centro da cidade.
✶✶✶
Notas
de tradução:
[1]
Lagartas mecânicas: a lagarta ou rastro
consiste numa esteira que se acopla às rodas de certos veículos terrestres com
a finalidade de lhes aumentar a aderência ao solo e, consequentemente, a sua
capacidade de tração em terreno difícil
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