domingo, 16 de maio de 2021

[Novel] Tianbao Fuyao Lu - Capítulo 007


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Tradução: Miss Sw
Revisão: -
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Capítulo 7 – Hai Mie Hou Bi


Quando a noite caiu, o fang ficou bastante silencioso; de vez em quando um cachorro latia, mas poucas casas ainda estavam iluminadas. O yao carpa seguia atrás dele, insistindo, "Eu te falei pra vir mais cedo, mas você não veio, e agora as pessoas já foram embora. Na noite escura sem luzes ou tochas, não podemos sequer ver as placas em cima das portas, então como vamos encontrar?"
Hongjun ficou ali por algum tempo, até que as 3.000 batidas de tambor terminassem e de fato a noite caísse sobre a cidade. Ele pôde apenas avançar teimosamente, batendo de porta em porta e pedindo instruções. Depois de bater em muitas portas, ele finalmente se deparou com um velho mudo que ergueu sua lamparina e acenou na frente de Hongjun, que só foi capaz de agradecê-lo por sua hospitalidade e se virou para partir.
O beco quase parecia ser parte de uma velha construção dilapidada, e sabe lá quantas pessoas tinham vindo fazer reparos nos últimos anos, mas o interior estava coberto de mato crescido. Hongjun apenas deitou no chão, sem se incomodar com a sujeira, e estava tão cansado que, tão logo se encostou, caiu no sono.
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Naquela noite, nuvens negras cobriam a lua. Nas profundezas do Palácio Xingqing, um vento sombrio começou a soprar, balançando as cortinas, e a chama das velas se agitava ao ponto de piscar sem parar, criando uma sucessão de efeitos claros e escuros.
Uma senhora nobre usando um robe preto bordado com padrões de Taotie[1] estava sentada com as costas retas no salão, junto com três homens que usavam mantos que ocultavam suas feições. Um deles apresentou uma bandeja, na qual havia uma faca de arremesso manchada de sangue.
"O que é isso?" A mulher perguntou.
"Quando Fei Ao saiu da cidade pra caçar, foi golpeado com essa faca, " o homem falou em voz baixa. "Eu o mandei ao Palácio Daming por enquanto, pra se esconder e curar suas feridas."
As mãos delgadas da rica senhora ergueram a faca de arremesso, e suas sobrancelhas se franziram profundamente. Após encarar o objeto por uma fração de segundo, a Faca de Arremesso Zhanxian refletiu seu rosto tremendamente belo e nobre.
"Nunca vi isso antes." Ela jogou a faca de volta na bandeja com um leve tinido.
"Alguém está vindo," outro homem falou.
"Já faz tantos anos," a mulher falou em tom frio, "e só estão vindo agora. Amanhã vou levar essa faca de arremesso para Sua Majestade e ver o que ele diz. E quanto ao dono dela?"
"Ele foi perseguido por Li Jinglong, e os dois lutaram," o terceiro homem informou. "Mas ele desapareceu durante a perseguição, então talvez..."
"Hahaha!" A mulher começou a rir sem restrições, tal como ramos floridos tremulando[2]. "Isso está ficando interessante. Aquele louco e tolo Li Jinglong ainda está engajado em seu grandioso sonho de eliminar yaos e exterminar mos?"
"Depois do que houve na noite passada, Fei Ao foi descuidado ao se mostrar dentro da cidade, e os rumores já estão se espalhando lá fora," o homem comentou. "Dizem que há yaoguais[3] em Chang'an..."
“Hein?” A mulher sorriu. “Chang’an tem yaos? É a primeira vez que ouço falar disso. O sagrado Filho do Céu senta em seu trono enquanto os quatro mares estão em paz e a terra está próspera, então de onde estão vindo esses yaos? Amanhã, eu terei que me reunir com ele para ter uma conversa séria. Todos vocês podem ir agora, e não deixem que Fei Ao se revele outra vez. Encontrem o dono da faca de arremesso, e depois, entreguem ele para que Fei Ao o devore.”
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Na manhã de início do outono, o ar estava um pouco abafado. Após o canto de alguns pássaros, em um instante, o som do bater de suas asas veio da árvore de guarda-sol do lado de fora da casa dilapidada antes que todos eles voassem para longe.
Houve um baque alto no saguão, e aquilo assustou Hongjun, despertando-o de seus sonhos.
O yao carpa também acordou com um susto e ficou morrendo de medo. Depois de tropeçar para fora da bolsa, seu corpo de peixe se debateu contra o chão fazendo barulho enquanto ele se atrapalhava e dizia, "O que está acontecendo?! O que está acontecendo?!"
Logo em seguida, ele executou um movimento de “carpa saltando da água”[4], e com um giro, seus dois pés pousaram firmemente no chão, ficando de pé. Ele olhou para os lados e falou, “Que lugar é esse?”
"Tem alguém aí?" Um homem perguntou, antes de empurrar a porta do salão e entrar.
De imediato, Hongjun ergueu a mão para proteger os olhos. Contra a brilhante luz do sol, ele viu um jovem magro e ágil de cerca de nove chi de altura vestido em uma roupa estranha o olhando com curiosidade.
Os dois se encararam em silêncio por um momento, e Hongjun finalmente viu com clareza o rosto alheio. As feições dele eram espaçadas de maneira homogênea e bem demarcadas, as maçãs do rosto eram altas, as sobrancelhas escuras como penas de falcão, e a curva de seus lábios era bem definida. Sua pele tinha um bronzeado saudável pelos longos anos de exposição ao sol, e em seu grosso cabelo negro havia muitas trancinhas. Ele carregava um arco e uma aljava em suas costas e usava uma ombreira de pele de carneiro do lado esquerdo, deixando o bronzeado e musculoso ombro direito exposto. Ele também usava um par de botas de caça pretas e, atada em sua cintura, havia uma bolsa de viagem. Parecia ser um caçador.
O homem tinha ombros largos e cintura estreita, nem mesmo a jaqueta de caça de pele carneiro que usava diminuía a sua exuberância.
"Quase matou esse yao aqui do coração," o yao carpa falou.
O jovem viu a carpa e saltou de repente, antes de mover o braço e puxar uma flecha da aljava, prontamente a encaixando no arco e puxando a corda.
Hongjun logo protegeu o yao carpa, “Esse yaoguai não fere pessoas, eu sou um exorcista!” Ao dizer isso, ele temeu que a carpa subvertesse suas palavras, então reclamou, “Zhao Zilong, não fale mais bobagens!”
Com isso, o jovem enfim baixou seu arco, meio descrente, e olhou para Hongjun de modo julgador enquanto perguntava, “Você é um exorcista? Por que tem um yao com você? Isso... com quem eu devo falar pra me apresentar para o serviço?”
Hongjun indagou, aturdido, "Se apresentar para o serviço?"
O rapaz ergueu a mão e apontou algo acima da cabeça de Hongjun, indicando que ele olhasse naquela direção.
Hongjun levantou a cabeça e olhou, só então notando que, acima da porta do saguão, havia uma placa pregada, na qual estavam escritas palavras enormes: Departamento de Exorcismo da Grande Tang.
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Nos jardins do Palácio Xingqing, o céu por fora dos muros estava coberto de nuvens sombrias, e fazia um calor sufocante incomparável. Li Longji abraçou Yang Yuhuan sem se importar com o calor, e assim que se separaram, ele desejou apertá-la novamente. Após continuarem juntos por algum tempo, os dois estavam cobertos de suor, e enquanto tomavam sua bebida gelada de ameixa azeda[5], eles podiam apenas entrelaçar seus dedos. A Senhora Guoguo sentou-se de um lado descascando lichias e depois as colocando em uma tigela de vidro de cinco cores resfriada com cubos de gelo, e Yang Guozhong sentou perto dela escolhendo algumas lichias descascadas para comer.
“Tudo que aquele capitão Li Jinglong do Exército Longwu fazia era patrulhar a cidade à noite, e aproveitou a oportunidade para ir ao bordel. Depois, seus subordinados ficaram bêbados e começaram a lutar e fazer algazarra. No dia seguinte, quando acordaram, perceberam que não tinham arrumado a bagunça, então inventaram esse tipo de piada absurda,” Yang Guozhong disse alegremente.
“Essa pessoa deveria ser descartada,” a Senhora Guoguo comentou. “Não tem um controle rigoroso, negligente com os deveres, mente para o imperador e espalha rumores falsos. Como podemos deixar isso passar?”
Yang Yuhuan de repente pensou em algo e perguntou, "Li Jinglong não é... o primo do General Feng?!"
“É exatamente ele,” Yang Guozhong confirmou. “Algum tempo atrás, Changqing retornou à corte e entregou um documento sobre seu primo mais novo; ele queria levá-lo junto em uma campanha para obter algumas conquistas militares. Pelo que vejo, ele só está entediado agora. Se o enviarmos para que ele lute por alguns anos, naturalmente ele não causará mais problemas.”
Li Longji murmurou em concordância, mas quando ele estava prestes a abrir a boca, Yang Yuhuan olhou para as expressões dos outros e, no fim, sua consciência não a deixou ficar calada, então ela disse, “O General Feng acabou de fazer uma grande contribuição militar ao país, então enviar o primo dele desse jeito... no fundo, pessoas jovens têm sangue quente, isso não é um grande crime.”
“... No passado, quando o duque Di ficou velho e confuso, ele vivia falando sobre a existência de yaos,” Li Longji se lembrou, e prosseguiu, “Na época, ele até criou um escritório chamado de ‘Departamento de Exorcismo’, que ficava sob o controle direto do Departamento da Paz e da Ordem, e depois que a capital mudou, o escritório foi movido também.”
Yang Yuhuan respondeu, "Acho que me lembro de quando eu era criança..."
"Eu sabia que você iria querer falar sobre aquela raposa branca de novo." A Senhora Guoguo sorriu levemente.
Li Longji disse, “Falando nisso, quando eu era criança... quando iam ofertar sacrifícios aos deuses, eu vi a forma de um dragão negro no Rio Luo.”
Yang Yuhuan sorriu. “Isso foi um bom presságio! E só que as pessoas comuns não sabem reconhecer um milagre, então acham que é um yao. Um sinal auspicioso desse não seria uma perfeita evidência do destino de Vossa Majestade?”
“De fato,” Li Longji respondeu. “... Hmn. Eu[6] de repente pensei em algo: já que Li Jinglong tem essas ideias estranhas e habilidades extraordinárias, que tal colocá-lo para cuidar do Departamento de Exorcismo?”
Yang Guozhong, Yang Yuhuan e a Senhora Guoguo paralisaram por um instante, antes que Yang Yuhuan começasse a sorrir. O canto da boca da Senhora Guoguo tremeu levemente, e por algum tempo ela não soube como responder.
Logo, Li Longji disse com uma expressão perfeitamente séria, “Então assim será. Embora não se saiba onde fica esse escritório, ele ainda deve existir. Afinal, essa pessoa não parece ser capaz de permanecer dentro do Exército Longwu. Vamos deixá-lo no comando do Departamento de Exorcismo por enquanto, e espalhar isso como um “sinal auspicioso” para os cidadãos de Chang’an, assim o desejo de Feng Changqing também pode ser concedido. Deixarei esse assunto aos seus cuidados, Guozhong.”
Yang Guozhong: "..."
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Dentro da casa depredada, Hongjun e ou outro rapaz bonito observaram um ao outro; nenhum deles tinha imaginado que esse lugar seria assim! Mas o local claramente estava descuidado há muitos anos; o saguão estava cheio de teias de aranha, mas quando eles entraram mais, perceberam que os cômodos internos ainda eram bastante grandes. Após atravessar o saguão, havia um amplo pátio com inúmeros baús deteriorados, todos vazios.
O nome do jovem era Mo Rigen, e ele era da tribo Shiwei; na verdade, ele tinha vindo se apresentar para ser um exorcista também, então pediu para ver a carta de Hongjun e estava agora examinando-a atentamente do lado de fora. As cartas dos dois tinham o mesmo conteúdo geral: dizia que os yaos e mos de Chang’an estão fora de controle, e chamavam os descendentes das famílias de exorcistas de todos os cantos para se apresentarem ao trabalho no Departamento de Exorcismo da Grande Tang em Chang’an.
Enquanto Mo Rigen olhava as cartas, Hongjun vagou pelo escritório abandonado. Ele viu que, dentro do pátio, havia uma árvore de guarda-sol que era mais alta que os beirais do telhado, e diversas sementes tinham caído no chão ao redor de sua base. Ao olhar para a árvore, ele foi preenchido com uma sensação de solidão.
O pátio era conectado com as alas leste e oeste por dois corredores, nos quais estavam pendurados sinos dos ventos enferrujados que tilintavam baixinho. No final, embora houvesse uma parede falsa[7], as portas e janelas dos doze cômodos estavam todas apodrecidas, e ratos corriam por todo lado, soltando chiados.
Nas câmaras mais internas, havia um espaço amplo que era o salão principal, com vários sofás grandes e confortáveis feitos de bambu e, no centro, uma mesa de café. Muito tempo tinha se passado, e tudo estava quebrado. Havia até mesmo alguns cacos de porcelana sob da mesa de madeira.
No quintal, havia um estábulo para os cavalos, assim como uma porta dos fundos, que estava trancada.
"Kong Hongjun." Mo Rigen terminou de ler a carta no saguão, e logo se aproximou, quase batendo a cabeça na porta enquanto dizia, "Nossas cartas são iguais."
Hongjun falou, "Então isso é estranho..."
Em sua imaginação, o Departamento de Exorcismo da Grande Tang deveria ser um lugar onde houvesse pessoas, mas mesmo que este não fosse como os escritórios governamentais das histórias, pareceria ao menos com uma estação. Mas agora, este lugar estava completamente vazio, nenhuma alma à vista. Então quem tinha enviado as cartas?
Antes que ele descesse a montanha, Qing Xiong não lhe disse de onde viera a carta, e ele nunca tinha mencionado a descendência de Hongjun. Mas olhando as cartas, quem as escreveu e enviou para eles, usou o caractere “Di” como assinatura.
"O remetente é Di Renjie?" Mo Rigen questionou, "Já não faz muitos anos que ele morreu?"
"Vocês aí, olhem pra parede?" O yao carpa estava de pé no salão principal, e reclinou a cabeça ao falar.
Hongjun: "Hein?"
Hongjun foi limpar a poeira da parede, revelando um mural que mostrava um oficial sentado vestido em um robe roxo. Na frente do retrato, havia um incensário coberto com pátina[8].
"Provavelmente é ele," Mo Rigen comentou.
"Será que mudaram o Departamento de Exorcismo de lugar?" Hongjun indagou.
"O local que a carta especificou foi aqui," Mo Rigen disse. "Como pode ver, está abandonado há muitos anos, então não parece que se mudaram recentemente."
Os dois pararam em frente ao mural por algum tempo. Hongjun sentiu como se tivesse batalhado para atravessar espinheiros, escalar montanhas e transpor rios em sua vinda apenas para, no final de sua quilométrica jornada, encontrar algo completamente diferente do que havia esperado. Ele estava com a estranha sensação de desapontamento que se tem quando se escala uma montanha durante boa parte do dia até descobrir que não há nada de especial no pico. Nesse momento, uma voz humana de repente veio do saguão:
"Oh, a porta caiu. Tem alguém aí?"
Um jovem Hu vestido em uma luxuosa túnica marcial vermelho-escura, carregando um alaúde nas costas, parou dentro do pátio. Ele estava agora pegando dinheiro para pagar os dois carregadores que trouxeram pacotes grandes e pequenos, preenchendo o lugar com a bagagem.
Esse jovem tinha a ponte do nariz alta, olhos profundos, cabelos cacheados e usava quatro anéis em sua mão. Sua pele era branca como leite, e ele balançava em sua mão um leque da cor de safira, segurando-o acima da cabeça para bloquear o sol ao olhar para os lados com uma expressão confusa.
Mo Rigen e Hongjun vieram do salão.
"Hai!" O jovem Hu falou alto, assustando os outros dois. "Hai mie hou bi!" Ele abriu os braços e gritou calorosamente, "Olá, meus queridos amigos da Grande Tang!"
Logo depois, o rapaz agilmente se aproximou deles, primeiro abraçando Mo Rigen antes de apertar Hongjun.
“Eu sou Tailopotamia Homihok Hammurabi,” o jovem Hu informou. “Podem me chamar de ‘A-Tai’.”
Ele terminou de fazer sua apresentação e colocou as duas mãos na frente do peito enquanto recuava devagar, inclinando-se de forma graciosa e fácil em uma reverência antes de dizer, “Com licença, este é o Departamento de Exorcismo da Grande Tang? Aqui está minha carta de recomendação; quem é o oficial responsável?”
Mo Rigen e Hongjun ficaram sem palavras ao mesmo tempo, mas antes que pudessem fazer suas perguntas, mais alguém entrou.
"Tem alguém aí?"
Os três viraram as cabeça simultaneamente, vendo outra pessoa, um acadêmico alto, colocando a cabeça para dentro a fim de espiar o lugar.
“Eu me chamo Qiu Yongsi, sou de Jiangnan...” Ele os cumprimentou e sorriu. “Meu avô me mandou para cá, especialmente para... qual é o problema? Por que a expressão de todos está... tão... estanha... assim??? Hein? Por que tem um yaoguai no escritório?!"
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Quinze minutos depois, cada um deles segurava uma carta nas mãos, encarando um ao outro.
"Isso não está certo. Todos vocês vieram se apresentar para o serviço? O Departamento Judiciário é o responsável?" O jovem Shiwei, Mo Rigen, perguntou.
Qiu Yongsi disse, "Antes de vir aqui, passei primeiro no Judiciário. Eles não estão no comando."
A-Tai adicionou, “Quando fui ao Departamento dos Ritos, eles também me disseram que não são os encarregados."
Os quatro sentaram em círculo enquanto afundavam em reflexão. Todos eles tinham recebido uma carta lhes dizendo para se apresentarem ao serviço, mas o que eles encontraram foi um Departamento de Exorcismo destituído de qualquer vestígio de habitação humana, cheio de mato e arbustos selvagens. O que exatamente estava acontecendo aqui?
“Eu acho que há um detalhe muito suspeito.” A-Tai estalou os dedos e andou pelo salão, olhando para Mo Rigen ao falar concentrado, “Eu vim do Tocaristão, Mo Rigen-xiongdi é da pradaria de Hulunbuir[9], esse xiongdi lindo...”
"Eu me chamo Hongjun, Kong Hongjun."
"Onde você mora?" A-Tai indagou com um sorriso largo.
"Nas montanhas Taihang."
"E você?" A-Tai perguntou ao acadêmico.
"Em Xihu," Qiu Yongsi respondeu.
A-Tai continuou, "Viemos de perto e de longe, e todos recebemos nossas cartas em momentos diferentes, então como é que acabamos chegando em Chang'an exatamente no mesmo dia?"
"Você tem razão!"  Hongjun exclamou.
"Quê?" Qiu Yongsi questionou, "Vocês também acabaram de chegar?"
"Hmn." Mo Rigen assentiu devagar, como se estivesse pensando em algo. "Se encontrarmos a pessoa que enviou as cartas, poderemos entender a verdade."
Hongjun imaginou que, se essa pessoa foi capaz de passar a carta para as mãos de Qing Xiong, isso não significaria que ela sabia que Hongjun estava no Palácio Yaojin? E, se sabia disso, será que também conhecia Di Renjie e seu pai, Kong Xuan? Será que quem escreveu a carta sabia ao menos dos eventos do passado?
Hongjun hesitou por um segundo, antes de ter uma ideia brilhante, "Vocês acham que mais pessoas vão chegar em breve?"
A-Tai anuiu, e um sorriso torto ergueu o canto de sua boca: "Isso mesmo. Então provavelmente o que temos que fazer é só esperar."
 

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Notas de tradução:

[1] Taotie: criatura da mitologia chinesa, comumente brasonadas em bronze e outros artefatos durante o 1º milênio a.C. É uma das "quatro criaturas malignas do mundo".


[2] tal como ramos floridos tremulando: Expressão idiomática chinesa para descrever o riso das mulheres (possivelmente de uma maneira graciosa).
[3] yaoguai: basicamente o mesmo que "yao"; vide o guia para mais detalhes.
[4] carpa saltando da água: Um movimento das artes marciais em que inicia com uma inclinação para trás, antes de erguer as pernas bem alto, saltando rapidamente. Algo como a imagem abaixo:

[5] bebida de ameixa azeda: Um refresco de verão comum na China, feito com ameixa preta, espinheiro e algumas outras ervas cozidas por horas, geralmente servido gelado (consumido por quem tinha dinheiro naquela época, é claro).
[6] eu (zhen): Reis/imperadores se referem a si mesmos como "zhen" e falando em terceira pessoa; para efeito desta tradução, isso será sempre substituído por "eu", mantendo a fala em primeira pessoa.
[7] parede falsa: Para esconder a entrada do salão principal dos olhos das pessoas de fora, e para dificultar que assassinos entrem sem aviso prévio.
[8] pátina: Composto químico que se forma na superfície de um metal, natural ou artificialmente, e que lhe dá a aparência de velho.

[9] Hulunbuir: Região administrada como Prefeitura com nível de cidade no nordeste da Mongólia Interior, República Popular da China. A pradaria de Hulunbuir é uma das quatro maiores do mundo.
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Um comentário:

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